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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Um mundo interdisciplinar

Não se conhece época em que o conhecimento teve tanto valor e, em simultâneo, em que as trocas ou diálogos entre especialidades – ou “disciplinas” – foram tão intensas, como nos dias de hoje. Sim, estamos num mundo de diálogos – o sucesso das redes sociais aí está como evidência – e, no que diz respeito ao conhecimento, diálogos criam colaborações, sinergias, abrem fronteiras fechadas há muito no campo das ideias e, frequentemente, geram práticas inéditas, úteis às sociedades humanas, alavancando a economia, gerando emprego e permitindo realização pessoal aos que ousam inovar com determinação e inteligência.

Se nos anos 80 se falava “Informação é poder”, não será exagero afirmar que, na contemporaneidade, conhecimento é poder. Pelo menos, é um dos caminhos para o poder. Melhor assim, porque não existe nada pior do que o poder ignorante, seja em que nível for. Porém, uma grande parte das pessoas que se interessam por leitura, estudo, pesquisa, mesmo como autodidatas, está interessada no conhecimento apenas pelo conhecimento, pela curiosidade intelectual, o que sempre foi uma nobre aspiração da Humanidade. Uma outra parte estuda para melhorar sua condição material e acelerar sua mobilidade social, na medida em que o conhecimento é, em grande medida, titulado academicamente. O crescimento intenso da população universitária e dos cursos técnicos e tecnológicos advém da demanda do mercado de trabalho. No mundo atual, empresas e outras organizações não conseguem atingir seus objetivos senão com pessoas que dominam uma área específica de conhecimento e prática.

E a propósito de diálogos, a ESPM – prestigiada escola de Publicidade, Marketing e Administração com sede em São Paulo – apostou recentemente na miscigenação do DNA da Antropologia com o DNA da publicidade e da criatividade: segundo a prestigiada instituição, o curso “Como derrubar certezas e inquietar pensamentos - Uma discussão sobre Antropologia, consumo e inovação” é voltado a publicitários, planejadores e inovadores, propõe quebrar preconceitos, rever antigas posturas e entender que o centro do mundo pode assumir diversas posições, dependendo de quem o observa. É uma proposta ousada e bem no jeito de pessoas ou profissionais a quem interesse reforçar e ilustrar uma postura inovadora e criativa, mas com o pé no chão, alicerçado no acervo da Antropologia Cultural. Dentro da ESPM, esse curso foi concebido pelo CIC – Centro de Inovação e Criatividade, que possui duas grandes áreas de atuação: Criatividade e Inovação.

Um curso de Antropologia para publicitários, marketeiros e criativos? Muita gente dirá que é uma área fora de moda, ou que é um curso sem público interessado, um curso que não tem mercado. Não é bem assim – na verdade, tanto a Antropologia como a Sociologia são áreas-chave do grande grupo conhecido por Ciências Sociais. A popularidade mundial de autores contemporâneos como Lévy-Strauss, Barthes, Duverger, Morin, Bourdieu, Touraine, Giddens, mostra que existe interesse do público, mas um público heterogêneo, que nem sempre está interessado em academismo puro, e que deseja apreciar as Ciências Sociais gerando abordagens interessantes e inovadoras, em contato com os grandes temas contemporâneos. Um público que poderá estar interessado em cursos de curta duração, com uma chancela acadêmica de qualidade, mas apenas para melhorar seus conhecimentos numa certa área.

Durante anos, sociólogos e antropólogos tiveram um mercado de trabalho restrito a órgãos ou repartições do governo, ou a empresas de estudos demográficos e sociais, ou à docência e pesquisa em universidades. Porém, na atualidade, tanto grandes empresas de consultoria, como empresas de Marketing e Publicidade e até multinacionais de todos os setores, vêm incluindo cada vez mais sociólogos ou antropólogos em seus quadros técnicos, assim como especialistas em Psicologia Social ou em Psicologia das Organizações. A ESPM concebeu que poderia interessar ao público um curso de antropologia de curta duração, utilizando a lógica do mercado: o valor que o cliente atribui ao produto. Justamente, a inovação dentro das empresas busca encontrar modalidades de oferta às quais o público-alvo atribua valor, face ao que ele está disposto a pagar.

Em suma, diálogos entre áreas diferentes do conhecimento podem criar novas disciplinas ou novas áreas interdisciplinares; e até cursos. Além de valor agregado intelectual, acadêmico e, também, econômico. Afinal, para pensar precisa alimentar-se, ou não?

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