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quarta-feira, 30 de março de 2011

Economia criativa... já ouviu falar?

No início do ano, a mídia divulgou a criação da Secretaria de Economia Criativa pelo Ministério da Cultura. Da Cultura?... um momento... essa informação procede? O que tem o Ministério da Cultura a ver com Economia? Mas é que tem mesmo, e o negócio é sério.

Quem assistiu ao documentário no Mundo S/A na Globo News do passado dia 21, poderá não se ter apercebido de que o tema não é apenas nacional: na realidade, a economia criativa radica-se em várias origens e em diversas visões e aplicações das atividades culturais, entre outras. Trata-se de um fenômeno mundial, e movimenta milhões, no mundo e no Brasil.

Economia criativa é, sobretudo, um conceito: um conceito que permite observar e organizar pelo mesmo prisma atividades anteriormente existentes, mas de um ângulo novo. Algo assim como o ovo de Colombo: parece simples, depois de ter sido inventado. E quais são essas atividades? Como se poderia definir economia criativa?

Para Ana Reis, coordenadora do estudo “Economia criativa como estratégia de desenvolvimento” publicado pelo Itaú Cultural (2010), o conceito origina-se do termo “indústrias criativas”, por sua vez inspirado no projeto australiano Creative Nation, de 1994. Entre outros direcionadores, o projeto defendia a importância do trabalho criativo, sua contribuição para a economia do país e o papel das tecnologias como aliadas da política cultural, dando margem à posterior inserção de setores tecnológicos no rol das indústrias criativas.

Em 1997, no início da administração Tony Blair, o governo britânico criou um projeto para analisar as contas nacionais do Reino Unido, as tendências de mercado e as vantagens competitivas nacionais. Foram então identificados 13 setores de maior potencial, as chamadas “indústrias criativas”, que foram definidas como:

“Indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais, e que apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração de propriedade intelectual.”

Já em 2001, o livro “The Creative Economy: How People Make Money From Ideas”, de John Howkins, veio lançar um olhar sistêmico sobre as indústrias da cultura e as indústrias criativas – que na verdade diferem um pouco –  e propor uma nova designação mais abrangente.

O novo conceito permitiu encontrar caminhos coerentes de sustentabilidade econômica na interação de atividades tão diversas como: arquitetura; artes e mercados de antiguidades; artesanato e manufaturas tradicionais; design industrial e de comunicação; design de moda; fotografia, cinematografia e vídeo; software, jogos eletrônicos e edição eletrônica; música e artes visuais e de palco; edição e publicação; televisão e rádio.

Um aspecto interessante aqui, é que a maior parte dessas atividades econômicas – na realidade, o termo inglês industry tem significado mais amplo do que o nosso –são atualmente sustentadas por conhecimentos ensinados em universidades. Além disso, a economia criativa demanda empreendedores e, para sua expansão no tecido social, ela necessita do impulso de incubadoras. Onde entram as universidades e suas incubadoras na economia criativa? Qual o papel das instituições de ensino superior no fomento às atividades criativas e à consolidação do enorme potencial econômico que elas trazem? Voltaremos a falar no assunto muito em breve.

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Links externos nesta postagem:

Globo News - Mundo SA - 21-03-2011
Economia criativa como estratégia de desenvolvimento - Itaú Cultural, 2010
Globo News - Conta Corrente - 04-02-2011

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terça-feira, 15 de março de 2011

De olho no futuro

Bem vindo ao novíssimo blog do projeto Observatório do Futuro, uma janela aberta sobre evidências, fatos e tendências que, de algum modo, estão configurando o futuro do conhecimento, do trabalho, das carreiras e profissões, e da sociedade humana: o futuro de todos nós.
É frequente encontrar opiniões aliando as universidades a um forte conservadorismo: uma visão plausível e verídica em certos casos, embora não prevalecente. No sentimento da cátedra acadêmica clássica, as mudanças aceleradas que a civilização atravessa pouco importam, e a universidade vai ser no futuro do jeito que ela sempre foi no passado. Porém, a realidade é que o mundo externo está rodando mais rápido, pressionando as antigas estruturas e mentalidades para grandes mudanças.

Na outra vertente, há muito que certas universidades, no Brasil e em todo o mundo, se destacam através de sua visão de futuro e de seus projetos pioneiros, seja no domínio tecnológico, na sustentabilidade ambiental ou na intervenção social: um direcionamento no sentido de colocar a ciência e o conhecimento em geral ao serviço do melhoramento humano e do desenvolvimento das comunidades em seu entorno. Esse é o futuro que nos interessa, porque ele vem com os ventos da História.

Porém, quem poderá prever o futuro com a exatidão mítica do profeta? Como poderemos conhecer hoje, sem grande margem de erro, o que vai ser o futuro do conhecimento, da ciência, da tecnologia, do trabalho e das profissões? Erros de previsão, sempre existirão, mas existem vários modelos de observação e análise que, conjugados, poderão oferecer, se não o detalhe exato do futuro, uma visão razoavelmente provável dele.

O Observatório do Futuro é uma proposta para informar, explorar, descobrir e interagir com docentes, pesquisadores, gestores, alunos, comunidade local e comunidade global, em torno das grandes tendências, das novas práticas e abordagens que impactam a educação superior, sobretudo na perspectiva da educação permanente.

Por que o Observatório do Futuro poderá interessar à população acadêmica, seja do lado dos docentes, pesquisadores e gestores, seja do lado dos alunos atuais ou futuros e de seus educadores? – Por um lado, a percepção de futuros prováveis implica mudanças em nossas próprias mentalidades, tornando-nos mais abertos, flexíveis, cientes, informados sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo, e que terá impacto sobre nossas vidas e profissões. Por outro, esse conhecimento permite fazer escolhas ou correções de rota, profissionais e acadêmicas, aumentando as chances de empregabilidade e – o que não é menos importante –, a margem de felicidade e realização pessoal.

Seja como for, cada vez mais o futuro estará batendo à porta, e de tal forma que todos – docentes, gestores, alunos, comunidade em geral –, somos partes interessadas das realidades que virão; e que, se o quisermos e se para tanto houver habilidade, também poderemos ajudar a configurar.

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