No início do ano, a mídia divulgou a criação da Secretaria de Economia Criativa pelo Ministério da Cultura. Da Cultura?... um momento... essa informação procede? O que tem o Ministério da Cultura a ver com Economia? Mas é que tem mesmo, e o negócio é sério.
Quem assistiu ao documentário no Mundo S/A na Globo News do passado dia 21, poderá não se ter apercebido de que o tema não é apenas nacional: na realidade, a economia criativa radica-se em várias origens e em diversas visões e aplicações das atividades culturais, entre outras. Trata-se de um fenômeno mundial, e movimenta milhões, no mundo e no Brasil.
Economia criativa é, sobretudo, um conceito: um conceito que permite observar e organizar pelo mesmo prisma atividades anteriormente existentes, mas de um ângulo novo. Algo assim como o ovo de Colombo: parece simples, depois de ter sido inventado. E quais são essas atividades? Como se poderia definir economia criativa?
Para Ana Reis, coordenadora do estudo “Economia criativa como estratégia de desenvolvimento” publicado pelo Itaú Cultural (2010), o conceito origina-se do termo “indústrias criativas”, por sua vez inspirado no projeto australiano Creative Nation, de 1994. Entre outros direcionadores, o projeto defendia a importância do trabalho criativo, sua contribuição para a economia do país e o papel das tecnologias como aliadas da política cultural, dando margem à posterior inserção de setores tecnológicos no rol das indústrias criativas.
Em 1997, no início da administração Tony Blair, o governo britânico criou um projeto para analisar as contas nacionais do Reino Unido, as tendências de mercado e as vantagens competitivas nacionais. Foram então identificados 13 setores de maior potencial, as chamadas “indústrias criativas”, que foram definidas como:
“Indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais, e que apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração de propriedade intelectual.”
Já em 2001, o livro “The Creative Economy: How People Make Money From Ideas”, de John Howkins, veio lançar um olhar sistêmico sobre as indústrias da cultura e as indústrias criativas – que na verdade diferem um pouco – e propor uma nova designação mais abrangente.
O novo conceito permitiu encontrar caminhos coerentes de sustentabilidade econômica na interação de atividades tão diversas como: arquitetura; artes e mercados de antiguidades; artesanato e manufaturas tradicionais; design industrial e de comunicação; design de moda; fotografia, cinematografia e vídeo; software, jogos eletrônicos e edição eletrônica; música e artes visuais e de palco; edição e publicação; televisão e rádio.
Um aspecto interessante aqui, é que a maior parte dessas atividades econômicas – na realidade, o termo inglês industry tem significado mais amplo do que o nosso –são atualmente sustentadas por conhecimentos ensinados em universidades. Além disso, a economia criativa demanda empreendedores e, para sua expansão no tecido social, ela necessita do impulso de incubadoras. Onde entram as universidades e suas incubadoras na economia criativa? Qual o papel das instituições de ensino superior no fomento às atividades criativas e à consolidação do enorme potencial econômico que elas trazem? Voltaremos a falar no assunto muito em breve.
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Links externos nesta postagem:
Globo News - Mundo SA - 21-03-2011
Economia criativa como estratégia de desenvolvimento - Itaú Cultural, 2010
Globo News - Conta Corrente - 04-02-2011
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Links externos nesta postagem:
Globo News - Mundo SA - 21-03-2011
Economia criativa como estratégia de desenvolvimento - Itaú Cultural, 2010
Globo News - Conta Corrente - 04-02-2011
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